domingo, 2 de maio de 2010


Ele acordava a cada manhã com o desejo de fazer tudo certo, ser uma pessoa boa e com algum valor, não só mais um no mundo. Queria ser, o mais simples que pudesse soar e o mais impossível que realmente fosse possível, feliz. E durante o decorrer de cada dia, seu coração descia de seu peito para seu estômago.
Já no início da tarde, ele era surpreendido pelo sentimento de que nada estava certo, nada. Ou não estava certo para ele. E surgia o desejo de estar sozinho. À noite, esse desejo sempre se cumpria: sozinho na grandeza de sua tristeza, sozinho em sua culpa sem rumo, sozinho, mesmo na sua solidão.
“Eu não estou triste", ele repetia para si mesmo; "Eu não estou triste!". Como se ele um dia conseguisse convencer a si mesmo. Ou enganar a si mesmo. Ou convencer os outros. A única coisa pior do que ser triste é que os outros saibam que você está triste. "Eu não estou triste. Eu não estou triste!".
E a cada manhã ele acordava com o coração no lugar de novo, tendo se tornado um pouco mais pesado, um pouco mais fraco, mas ainda bombeando. Entretanto, nada adiantava. No início da tarde voltava o desejo de estar em outro lugar, ser outra pessoa, ser outra pessoa em algum outro lugar.
“Eu não estou triste. Eu não estou triste!".

Descobriu que na verdade quer é ser feliz.

Eduardo Grillo

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